Vamos conversar sobre a doação de órgãos após a morte?!
Por Juliana Tavares Mori
Falar sobre qualquer assunto que envolva o falecimento de um ente querido ainda é um grande tabu no Brasil, mas a temida morte é a única certeza que temos na vida. Por isso o intuito deste post é falar sobre ela com mais leveza e sobre a forma de se continuar vivo mesmo após a passagem.
Calma, não é nada de outra dimensão espiritual… O tema aqui é a doação de órgãos, uma bela forma de continuarmos ajudando a salvar vidas, mesmo não estando mais por aqui.
Quem pode ser doador de órgãos?
Qualquer pessoa, seja adulto ou criança, desde que tenha sido diagnóstica com morte cerebral – os procedimentos de diagnóstico são definidos pelo CFM.
👉🏼 Vale lembrar que não há limite de idade para ser doador: basta ter boas condições de saúde 👈🏼
A morte cerebral ou encefálica, embora seja o critério legal para o início dos procedimentos de doação, não é o único de tipo de morte que pode viabilizar uma doação de órgãos post mortem.
A morte cerebral/encefálica é o critério legal para doação de órgãos, pois neste tipo de morte, a parada das demais funções vitais – circulação sanguínea, coração, respiração – leva um tempinho para ocorrer e, para que o transplante de órgãos aconteça, é importante que haja circulação sanguínea!
Para a doação de tecidos, como é o caso da córnea, a doação poderá ocorrer tanto com a morte encefálica, como com a morte por parada cardíaca.
#ficaadica: mesmo a pessoa que faleceu em casa pode doar as córneas, desde que essas sejam retiradas em até 6h do óbito.
E quem não pode ser doador de órgãos?
São as situações seguintes que impedem a doação de órgãos após a morte:
- Menores de 18 anos, salvo se tiverem autorização dos pais;
- Mortos não identificados;
- Pacientes com câncer generalizado ou que tenham doença infecciosa incurável (HIV, Hepatite B ou C, doença de Chagas, por exemplo);
- Pacientes que tenham doenças que comprometam o funcionamento dos órgãos.
O que pode ser doado?
Os órgãos que podem ser doados são, a princípio: rim, fígado, coração, pâncreas e pulmão.
Além deles, é possível também que sejam doados tecidos como córnea, pele, ossos, válvulas cardíacas e cartilagem.
Quais os requisitos eu preciso preencher para que a doação de órgãos após a morte aconteça?
Para se tornar um doador de órgãos basta que você manifeste sua vontade aos seus familiares – esses familiares são os de até 2º grau de parentesco, sendo eles: pais, filhos, avós e netos, cônjuge ou companheira, como determina o artigo 4º da Lei de Transplantes.
É importantíssimo conversar com a sua família, pois são os seus parentes que irão autorizar a doação, por meio de um documento assinado perante 2 testemunhas.
Pera aí, mas para que seja cumprida a minha vontade eu não posso deixar isso em um testamento?! E os cartões de doador, tem validade?!
Infelizmente a resposta ainda é: não! Os testamentos podem trazer a sua vontade, ainda que com algumas ressalvas, sobre a destinação dos bens materiais e o cartão de doador demonstra que você gostaria de doar seus órgãos.
Porém, para que de fato a doação ocorra, é indispensável a autorização da sua família, já que a lei brasileira retira do doador sua autonomia após a morte.
A vontade do doador declarada em vida precisa ser confirmada pela família.
Doação de órgãos após a morte: a vida continua
Autorizada a doação dos órgãos pela família, os órgãos e tecidos do doador podem salvar pelo menos 10 vidas.
Por isso a importância de se conversar e discutir temas como este, que mesmo sendo por vezes desconfortáveis para os envolvidos, possibilitam que o desejo final do morte seja atendido: ajudar a salvar outras vidas!
Convidamos você a conversar com seus familiares hoje para conscientizá-los sobre a importância do seu gesto e de sua vontade ser respeitada.
🌻 Este post faz parte do Projeto Girassol que tem por objetivo disseminar conhecimento sobre assuntos relacionados à morte e o morrer 🌻